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Sujeito ético, Preconceito e Distorção

  • Foto do escritor: Lucas Ramos
    Lucas Ramos
  • 9 de mai. de 2018
  • 4 min de leitura

Um homem sem ética não é um homem antiético.


O antiético é aquele que está presente na própria ética, este existe nela, assim como ela existe nele, porém, por virtude das escolhas pessoais ou das relações com o meio, age contra ela, sendo tido como agente do mal.


O homem sem ética, por sua vez, é livre, este tem sua existência inerente à ela, não há como ele estar contra ou a favor se esta não existe, ele é, então, um sujeito liberto, não pertencente ao bem ou ao mal, conceitos ilusórios que foram criados pela imposição do sujeito ético.


O sujeito ético é aquele que está em conformidade com a ética, em grande parte, é quem dita suas diretrizes, o ser superior, o bom, o correto, aquele que condena e é digno de julgar, mas assim como o ganhador da guerra escreve a história ao seu favor, o sujeito ético cria esta concepção e relação social normativa de acordo com seus interesses e opiniões, condicionando aqueles que estão abaixo dele, os indivíduos que não detêm poder, que passam para os seus semelhantes, e assim em diante, de geração para geração. Dessa forma a ética torna-se um instrumento de dominação.


- Tal declaração pode parecer um pouco forte, a ética é um conceito tão aclamado e estimado, e é exatamente observando o incômodo que tais dizeres podem gerar que nota-se o condicionamento pelo qual todas as pessoas estão trancafiadas, o poder de dominação que ela tem é tamanho que faz criar-se uma noção de que é incontestável, como algo ético pode ser ruim? Como é possível dizer se algo é ético quando se esta sob domínio da própria ética? -


A ética como forma de preconceito


Escravos das próprias noções, os indivíduos optam por valores de caráter normativo em detrimento ao livre arbítrio, com o fim de formar um aglomerado social, as liberdades de vontade, então, são abandonadas quando o sujeito humano se encontra nessa organização, tendo como principio a natureza violenta do homem que leva este a abrir mão de seu livre pensamento e modo de vida.


Disso surge a segregação ética, mecanismo pelo qual o sujeito ético impõe sua dominação sob os outros indivíduos do aglomerado humano, e assim, gera o preconceito cultural.


Essa perspectiva fica clara ao reparar as relações do ocidente e do oriente, a abominação que certos costumes causam, levando as pessoas à desenvolver certo preconceito com relação aos demais.


O consumo de carne de cachorro em certa região da China, por exemplo, causa no ocidente uma discriminação com relação à essas pessoas e esse costume, assim como também, na Índia ocorre com aqueles que consomem carne bovina.


Essa dominação gera o desaparecimento da pluralidade cultural devido a adequação das massas à uma mesma linha de pensamento, descriminando o que mostra-se diferente do padrão adotado.


Ética e distorção


Ao decorrer da história, a ética, um valor tido como concreto, mostrou-se claramente volátil, tanto na sua concepção, quanto na aplicação, que se difere, também, nas diferentes classes da sociedade.


Retomando as declarações anteriores, essa distorção parte do princípio da ética como mecanismo de dominação, que fomentada pelo desenvolvimento da propriedade privada, criada quando os homo-sapiens deixaram de ser compostos por nômades caçadores e coletores, tornando-se sedentários, originando, então, os primeiros aglomerados sociais, que tiveram suas diferenças alavancadas pelo surgimento do modelo capitalista de produção ao fim da idade média, assim como, também, ocorreu com as sociedades monárquicas anteriores, e as diferentes organizações passadas, a ética se transformou, uma metamorfose para representar os valores da classe dominante.


A fase mais recente dessa transformação contempla o modelo capitalista e os interesses da burguesia, que, porém, ainda divide parcela da dominação com os clérigos; na construção desse tipo de organização social o acumulo de bens gera um poderio àquele que os detêm, dessa forma, o que se aplica aos que não possuem nenhum poder não se infere ao soberano, sendo este econômico, de governo ou de cunho religioso, aspecto referente ao caráter relativizador da ética. Os escândalos de corrupção sem punição dos envolvidos é um claro exemplo dessa impunidade da elite e como a cobrança ética é atenuada para estas pessoas.


"Uma crença forte demonstra apenas a sua força, não a verdade daquilo que se acredita"

- Friedrich Nietzsche


É difícil criticar algo que sempre esteve em um trono, que sempre foi dado como correto, como algo bom e necessário, mas é contestando as convicções que mudanças são feitas, da insatisfação com o que era tido como certo e incontestável que nasceram as revoluções, estas que trouxeram a liberdade e derrubaram reis, mas no meio desse caminho a sociedade se perdeu, se aprisionando novamente em falsas convicções, em valores peçonhentos, que aprisionam as pessoas numa determinada organização, num controle massivo, em um falso livre-arbítrio no qual elas fazem escolhas de decisões que já foram tomadas para elas, numa calunia a qual são condicionadas à acreditar. Duvide! Deixamos de ser humanos a partir do momento que apenas aceitamos o que nos dizem, sem opinar, sem contestar, apenas ouvir e assimilar, somos máquina ou gente?



 
 
 

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